O primeiro ponto que deve ser explicado é que, a lei obriga as empresas
a apresentarem periodicamente suas movimentações, transações e posições
econômicas e financeiras. Este processo é comumente denominado de contabilidade
fiscal, na qual todas as apresentações, relatórios e indicadores devem seguir
às regras estabelecidas pelo governo, com quase nenhuma chance de
personalização e adaptação às características específicas da sua empresa. Em
função disto, criou-se então a contabilidade gerencial. A qual, por sua vez tem
por objetivo servir como uma ferramenta de apoio aos gestores nos processos decisórios
das empresas.
Portanto, diante disto, dentro da contabilidade gerencial, que é o tema
abordado nesses boletins, um DRE (nome dado pela contabilidade fiscal ao
relatório que apresenta a apuração do lucro de uma empresa e que acabou sendo
aproveitado por várias empresas nas suas contabilidades gerenciais) e quaisquer
outros relatórios gerenciais que apuram indicadores de resultados, tem como
única finalidade ajudar as lideranças a entenderem melhor como suas realizações
estão causando impacto nos resultados de Corpo (lucro, caixa etc.), Mente
(satisfação do cliente, etc.) e Alma (satisfação do colaborador etc.). Se os
indicadores e os relatórios não estiverem cumprindo com este papel, parem de
perder tempo em elaborá-los. Pois, energia e tempo estão sendo desperdiçados.
E o que isso tudo tem a ver com os critérios utilizados para apurar as
informações? Com a definição se a despesas deve ser classificada como diretas
ou indiretas? A resposta: tudo. Os critérios, as classificações devem ser
feitas de tal maneira que facilitem o máximo possível para os gestores
entenderem o negócio através dos números. Aumentar os conhecimentos sobre o que
contribui e o que atrapalha nos resultados, para que possam definir ações com
maiores chances de sucesso.
Enfim, definir se um gasto é direto ou indireto depende de qual é a
maneira que mais ajudará nas decisões. Despesas com materiais auxiliares de
produção por exemplo, são gastos diretamente relacionados aos itens produzidos.
No entanto, é impossível mensurar precisamente a participação dessas despesas
no custo unitário do produto, e também demoraria muito. Então, recomendo que
sejam considerados como gastos indiretos, assim a análise ficará mais precisa e
mais rápida, além de facilitar o levantamento das informações. Número é uma
ferramenta de ajuda no gerenciamento.
Índices
e Diagnóstico
LUCRATIVIDADE
|
||||
TOTAL
|
INDÚSTRIA
|
VAREJO
|
SERVIÇO***
|
|
Margem de Contribuição
|
38,2%
|
39,3%
|
29,1%
|
61,3%
|
Lucratividade Operacional
|
-7,2%
|
-9,1%
|
-2,1%
|
12,7%
|
Lucratividade Líquida
|
-8,2%
|
-9,9%
|
-4,1%
|
12,6%
|
PE* Operacional
|
119,8%
|
124,4%
|
107,4%
|
79,3%
|
PE* Líquido
|
122,4%
|
126,5%
|
114,3%
|
79,5%
|
LÍQUIDEZ
|
||||
NCG**/Recompensa (Faturamento)
|
58,2%
|
47,7%
|
264,8%
|
|
Variação da NCG/Lucro Operacional
|
****%
|
****%
|
****%
|
|
Formação de Caixa Operacional/Lucro Operacional
|
****%
|
****%
|
****%
|
|
Formação de Caixa Total/Lucro Operacional
|
****%
|
****%
|
****%
|
|
Ciclo Econômico e Financeiro
|
78
|
-37
|
192
|
|
Prazo de Recebimento de Clientes
|
62
|
40
|
85
|
|
Prazo de Estoques
|
158
|
72
|
243
|
|
Prazo de Pagamento de Fornecedores
|
142
|
149
|
136
|
|
Inadimplência/Total de Contas a Receber
|
19,8%
|
9,8%
|
29,7%
|
*PE – Ponto de Equilíbrio ** NCG – Necessidade de Capital de Giro
***Regime de Caixa ****Em função do lucro operacional ter sido negativo, não
faz sentido calcular estes índices da maneira que fazemos neste boletim. Isto
porque o objetivo desses indicadores é demonstrar como o lucro é utilizado:
investimento operacional (variação da NCG) e/ou outros investimentos (diferença
entre formação de caixa total e de caixa operacional) e/ou fica acumulado no
caixa.
Os resultados apurados em fevereiro mostram que foi um mês bem
complicado para a maior parte dos negócios, como pode ser observado pelos
prejuízos médios na coluna “TOTAL” (-7,2% operacional e -8,2% líquido). O valor
de 119,8% no índice ponto de equilíbrio operacional quer dizer que as empresas
teriam que ter faturado 19,8% só para cobrir as despesas fixas da estrutura de
apoio. Os negócios baseados em atividades de serviços com seus bons resultados
operacionais e líquidos destoaram desta média geral. Lideranças e equipes das
Indústrias e Varejos precisam debater se os planos executados eram os mais
adequados, ou se a execução deixou a desejar.
A gestão da NCG foi bem
distinta entre a Indústria e o Varejo. Enquanto no primeiro a NCG se manteve
muito semelhante ao que vem acontecendo nos últimos meses: o valor que no final
do mês ficou investido em ativos operacionais (contas a receber e estoques) foi
equivalente à metade do volume de faturamento (NCG/Recompensa – 47,7%). Por
outro lado, o Varejo acumulou uma NCG aproximadamente três vezes e meia maior
do que suas vendas. Bem maior do que nos últimos meses. Os prazos médios que
foram praticados no período reforçam essa observação: 85 dias para receber do
cliente; 243 dias é o tempo em que as mercadorias estão ficando “paradas” no
estoque. E, só não foi pior porque, fruto das boas negociações com
fornecedores, foi conquistado um prazo médio de 136 dias para efetuar os
pagamentos. Ameniza o problema, mas não resolve, pois são 192 dias entre a data
que pagam por uma mercadoria até a data do recebimento pela venda desse mesmo
item. Em outras palavras, o dinheiro está demorando 192 dias para retornar para
o caixa do negócio. Eu tenho constatado que um dos principais motivos é pelo
fato das empresas não estarem dando a devida atenção aos estoques. Recomendo
uma boa reflexão sobre isto, já que pode causar sérios problemas para a
liquidez. A inadimplência também cresceu significativamente.Fonte: Incremental Consultoria
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